sábado, 1 de setembro de 2012

A história de um cão sem medo e seu dono palerma!





Não podia deixar de escrever algo para o mês do meu aniversário, que se deu em agosto. 35 anos é um número interessante, porque quer dizer que sobrevivi aos famigerados “27” e ao maldito “33”. Não sem sequelas, obviamente. Mas cansei de falar disso.

De qualquer maneira as lembranças voltam. Vivi uns bons 4 anos sozinho, com meus problemas financeiros, uma casa precisando de reformas, a grama alta e meus cães sem banho, mas queridos. Apesar de alguns problemas, a casa era grande e eu realmente gostava dela. Até convenci – ou fui convencido – minha esposa de morar nela comigo. Foi uma temporada ótima. Tanto que não consigo voltar para matar a saudade. No dia em que saí de lá, foi para não mais voltar.

Tinha uns bons planos para construir minha vida lá, fazer uma casa dos sonhos – dentro das possibilidades – criar meus filhos com pátio, árvores, cães e um bairro tranqüilo. Pouco me comunicava com os vizinhos, apesar de sempre tratá-los bem. A vida não era excelente, mas era boa e eu levava tranquilamente, apesar de o tic-tac do relógio ficar cada vez mais alto, no esforço de me avisar que o tempo da brincadeira estava (está) acabando. Sonhos, porém, existem para serem desfeitos.

Entre outras coisas sonhava em ver meu cão velhinho, do meu lado, como ele sempre fazia, olhando de baixo para cima. O grande amigo que nunca me faltou, que esteve ao meu lado nos piores momentos, que sabia que eu estava chegando assim que assobiava, a uma quadra de distância, o chamado que Gandalf deu ao seu cavalo branco, Scadufax. O cão de um nerd. Meu amigão que, no mês do meu aniversário, passou dessa para o lugar onde os cães vão quando se cansam desse mundo.

Depois que sai da minha casa, acabei tendo que morar em um apartamento e, consequentemente, ficou impossível levar o cão. No desespero de achar uma nova casa para Rabão, ficou resolvido que ele iria para o campo, nas terras de meu padrasto. Pelo que dizem, o “garoto” acabou se adaptando muito bem. Corria bastante, tomava banho de sanga, acompanhava – como podia – a lida no campo. Isso durou seis meses. Obviamente um cão “cosmopolita” não estava preparado para o campo e seus perigos.

Meu amigo, aquele para quem nunca tive a chance de dar um adeus, que não me abandonou e recebeu tão pouca gratidão de mim nos seus últimos momentos, morreu picado por um escorpião. Não sei se fiquei insensível depois de alguns acontecimentos, mas só senti essa morte após uma semana. Quer dizer, ainda sou um cara meio incrédulo com as coisas. E agora não passa um dia que não lembre o meu companheiro.

Queria que as coisas tivessem sido diferentes, amigo do meu coração. Mas é como disse antes, sonhos existem para serem desfeitos.

Adeus, amigo. E feliz aniversário para mim.

2 comentários:

ânja disse...

Putz! No coração...

ânja disse...

Putz! No coração...